quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

SAUDADES

Tenho saudades de alguém...
De um alguém que nunca encontrei
Por quem não esperava!
De quem eu não procurava
Mas que esse alguém
Sempre me encontrava.

Tenho saudades de conhecer uma cidade...
Cidade nova e imaterial
Onde os pedágios fossem pagos por sorrisos
Andaria descalços, nas suas ruas
Na sarjetas deste lugar
Meu colchão seria as enxurradas da chuvas

Tenho saudades de músicas que nunca ouvi
De letras que nunca escrevi
De contos que nunca escutei
Saudades de lágrimas
Que não tiveram forças para correr
E dos sorrisos trancados pelas agruras

Tenho saudades dos pecados que não perdoei
Das pedradas que não devolvi
De me culparem enquanto inocente
Mas não de me inocentarem enquanto culpado


Em mim há saudades
Sem recordações e com ponderações
Saudades das vezes, das vezes que...
Deveria ter amado, quem sempre me amou
E deveria ter perdoado quem me traia a confiança

Dentro do meu peito moram várias saudades
Saudades escondidas e internas
Vontades celestes e sempiternas
Emoções avassaladoras... inexprimíveis
Na vida, poucas três vezes chorei
Em nenhuma murmurei
Mas silenciei, onde deveria ter gritado
Embora nunca gritei! Mas não poderia só ter falado
Mas sinto saudade mesmo... é da Voz silencial
Daquela sacra e imponente
Sim! Daquele rosto que nunca vi
Daquelas mãos que me seguraram
Enquanto todas as outras me empurravam

Comum e normal, simples e multiforme
Sem medos e sem dolo
Quando mais precisei de apoio...
Morto pelas circunstâncias
Neutralizado pela vingança!
Para o mal tendo extremo significado
Foi no momento implícito
Pedi pela salvação, enquanto fugia do “cão”
Encontrei a Cristo e ele me disse: “Filho!
Minha morte não foi em vão”
Irei até ao céu
E mesmo que estejam mortos
Eu não vos deixarei órfãos
Pois sou aquela tua canção.