Estávamos nos preparando para tocar em algum final de semana, lá pelos anos oitenta e “lá vai picos” , bem no interior do interior do nosso estado gaúcho. Um frio de fazer tremer um pingüim (com trema, por causa do frio), íamos tocar nas praças, nos colégios, ginásios, igrejas e coisas semelhantes. A bateria era uma gope, pois tinha vendido uma saema antiga, só imagine, o teclado era da mesma marca e os timbres de órgão até hoje não vi igual. O bass era um fenomenal e inigualável requembacker, nem sei como se escreve, e a guita era uma sonelli que os botões eram de tomada de luz.....loucura! Cubos? Tínhamos, eram da gianinni para a gtrra e o do baixo tinha que tocar sentado em cima, porque se não ele fugia saltitante tanto quando essa “geração que dança” como um bambi;
Quem lê entenda.
Então iríamos para a capital em um congresso da igreja para ficar ligados na modernidade e sofisticação musical, porque nós éramos considerados “colonos”, no sentido ruim da palavra. Bom, foi a segunda maior decepção da minha curta vida, pois a primeira foi quando descobri na segunda série do colégio que a professora Denaci era casada. Coisa de guri daquele tempo. Ah! Encontrei ela uns vinte anos depois, em um estúdio musical, pois ela estava morando bem em frente. Dei a mão pra ela, enquanto atravessava a rua e rimos bastante quando contei da minha paixão secreta.
E esta segunda foi descobri que as bandas da nossa capital eram mais atrasadas, pois fui escutar um som de uma Suzuki e acabei ouvindo um ronco de Lambreta. Decepcionante.
Passou-se o tempo e acabei na capital. E continuei a descobrir que não é a posição geográfica que faz uma pessoa ser sábia ou tola. E nos meados de do ano de noventa e oito aconteceu a minha terceira e mais marcante decepção, quando tocava nos congressos, encontros e na igreja, fazia realmente como se estivesse lado a lado com o próprio Deus e criador. E tinha prometido que se algum dia fosse fazer algo que ferisse a glória do mestre, antes pararia de tocar. E foi o que fiz quando alguns copiando outros, se enfileiraram para pedir um autógrafo. Deu-me uma tristeza profunda que como se uma faca sem fio, fosse atravessando meu coração. Daí em diante vendi minha guitarra, lástima nenhuma e fui trabalhar só em estúdio, onde o cara só é visto quando faz um trabalho mal feito.
Com certeza o que é errado pra gente pode não ser para os outros, mas o que realmente conta é o que Deus pensa de ambos. E vejo musicalmente vivemos na era do conhecimento técnico e é ótimo, mas temo que perdemos o sound, ou seja, muita coisa saindo da mente sem ser filtrado pela alma. Muita transpiração e pouca inspiração. Lindas musicas que a “letra mata” aos poucos. Muito fôlego, mas pouca vida. Os músicos “correm, correm e correm’ em seus instrumentos até tornarem verdadeiros “estrumentos musicais” porque não aprenderam que “o Prêmio nem sempre são daqueles que mais correm”.
Não sou contra aqueles que dão autógrafos, mas também não sou nem um pouco a favor daqueles que pedem, porque quem pede leva, ah leva.
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